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Investindo em pessoas que transformam realidades

21 Dec 2022

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Esta peça apareceu originalmente no site da Rede Comuá.

 

A Baixada Maranhense é uma região que fica ao norte do Maranhão. Um território importante para as estruturas de desenvolvimento do estado. Quem nasce ou vive nessa região é chamado de Baixadeiro. Esse reconhecimento identitário começou em 2003, com um movimento chamado CIP Jovem Cidadão, um conjunto integrado de projetos desenvolvimento pelo Formacao – Centro de Apoio à Educação Básica em 10 cidades (Arari, Cajari,Penalva, Matinha, Olinda Nova, São João Batista, São Vicente Ferrer, São Bento, Palmeirândia, Peri Mirim).

A Fundação Comunitária Baixada Maranhense nasce a partir do CIP Jovem Cidadão. Após 10 anos de intensos trabalho naquela região, um grupo de baixadeiros reuniram-se para discutir como seriam os próximos anos da região, naquele momento havia um entendimento, não podemos retroceder, precisamos continuar aquecendo o cotidiano da Baixada Maranhense com arte, esporte, comunicação, agroecologia, apoiando ideias e projetos, democratizando o acesso, construindo justiça social.

Uma das primeiras estratégicas da Fundação Comunitária foi criar uma campanha chamada `Quem tem amor pela Baixada é Embaixadeiro`. Ou seja, todo mundo que apoiava o desenvolvimento daquela região era considerado Embaixadeiro. EMBAIXADEIRO era um Baixadeiro Embaixador. Foi desenhada duas formas de contribuir com o território. A primeira Embaixadeiro Voluntário, eram pessoas que apoiaram com habilidades, por exemplo, um especialista em marketing, uma consultora jurídica, um professor. A segunda Embaixadeiro Doador, eram as pessoas que apoiavam financeiramente, faziam uma doação de um determinado valor.

Em 2022 com apoio da Comuá Network (anteriormente conhecido como o Rede de Filantropia para Justiça Social), estamos transformando essa estratégia em metodologia. Agora o Embaixadeiro possui um novo elemento, a Baixada Produtiva. É através dela que mapeamos pessoas que possuem ideias, projetos e negócios com alto potencial, e conectamos a elas o Embaixadeiro Doador e o Voluntário. Para que o território se desenvolva é necessário investir em pessoas.

Hoje a Baixada Maranhense é cheia de Baixadeiros Embaixadores, Jailson Mendes em São João Batista, Francilda Fonseca em São Vicente de Ferrer, Samara Volpony em Arari, Roselia Oliveira em São Bento.

Eu e Regina Cabral, costumamos dizer que quando pensamos na Filantropia Comunitária nos vem um rio e tudo que se movimenta a partir dele. As pessoas pescam, plantam, navegam. Quem vive perto do Rio sabe o que é preciso ser feito para que a pesca, o plantio e a navegação sejam produtivas.

A Filantropia Comunitária acontece quando a canoa que está sendo utilizada já não é mais suficiente e para isso é necessário pensar em várias outras canoas que somam rumo à sustentabilidade e ao bem viver. Em várias canoas, mais pessoas, de diferentes perfis e com variados sonhos podem pescar, para outras mais serem alimentadas. Canoas em redes são melhores que barcos com único condutor. Elas geram renda em escala e desenvolvimento inclusivo.

A comunidade sabe o que é preciso fazer, tem em seu cotidiano a criatividade, as estratégias e a conexão, mas para chegar do outro lado do rio com mais pessoas é preciso as canoas conectadas da filantropia.

Eu gosto de pensar também no mar. O mar que conecta todos os continentes. O mar chega ao rio e o rio vai até o mar. O mar representa os grandes fundos. No rio estão os fundos comunitários. Parte dele vem do mar. Quando eu piso na água do mar, sinto-me conectada com quem pisou na mesma água que se movimenta lá, muito longe. E o mais lindo, eu e a outra pessoa, somamos forças para ajudar as canoas dos rios.

 

Por: Diane Pereira Sousa, Presidente da Baixada Maranhense Community Foundation no Brasil. Diane é uma especialista em “pontes poéticas”, um processo de fusão de sonhos e realidade.

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